... segundo nome da lista do MPT, também eleito para o Parlamento Europeu, é o J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
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16 comments:
Bravíssimo, Joana! (Mas o circunstancial homólogo do J. Pinto Fernandes sempre foi eleito?)
Abraço
miguel
Miguel, ainda não pode ser anunciado oficoalmente, mas parece que sim. Abraço.
Joana, creio que partilho em boa medida as tuas conclusões através de uma análise que não sei até que ponto coincide com a tua.
1. Penso que o BE, apesar de um relativo "emendar de mão" no período imediatamente anterior às eleições, cometeu um erro ou não se decidiu por uma opção clara em matéria europeia, e que isso o impediu de ter um discurso e de delinear uma plataforma alternativa diferente e convincente. Sendo evidente que as origens e as proporções da política austeritária, bem como as ameaças terríveis que tem vindo a alimentar, são largamente transnacionais, devia ser evidente também, como o Syriza compreendeu bem, que é a arena da Europa (para começar) que a luta contra ela deve ter como horizonte que lhe permita afirmar-se e transformar as relações de forças presentes. E, do mesmo modo, devia ser não menos claro que o "isolacionismo" conduz, no menos mau dos casos, à impotência, e, no pior, quando se traduz em nacionalismo, reforça, ainda por cima, as piores ameaças com que o austeritarismo governante nos confronta.
2. Tendo tudo isto em conta, também a mim, não me anima o reforço da CDU. Sem dúvida que traduz uma rejeição da política do governo português e do austeritarismo da UE, mas tende a orientar essa rejeição para um beco sem saída, através de propostas irresponsáveis que por vezes são as mesmas — ainda que com objectivos diferentes — que as da extrema-direita nacionalista de outros países europeus.
3. Por fim, é absolutamente desolador verificar que os partidos da coligação e o PS, que no essencial não se distingue deles, continuam a recolher os votos de quase sessenta por cento do eleitorado — ao contrário do que acontece, por exemplo, em Espanha, como também assinalaste.
4. O que me inquieta mais é que, como me escrevia esta manhã um amigo, também eu tenho a impressão de que "estamos perante uma situação de tudo ou nada: ou as instituições e as políticas europeias se alteram, ou a prazo (a curto prazo) colapsam". E, do colapso, ainda que merecido, o resultado que podemos esperar é que arraste consigo o que resta das liberdades democráticas e dos direitos sociais.
msp
Sim, Miguel, estou de acordo praticamente com tudo.
Quanto à posição do BE sobre a Europa, não vejo muito bem como poderia ter sido mais claro, a não ser criticando abertamente as teses do PCP, o que não terá querido fazer - mal, no meu entender.
Joana, é verdade que o BE referiu as diferenças em relação à Europa, mas não só evitando apresentá-las acompanhadas de uma crítica directa e clara, como, por vezes, minimizando a sua importância. Não se pode dizer : "Votem em nós e apoiem-nos porque somos diferentes nisto e naquilo" e, ao mesmo tempo, dizer que essas diferenças não são politicamente fundamentais: "o que pretdendemos é contribuir para uma 'esquerda grande', mas não somos nem queremos ser uma alternativa ao PCP". Também aqui o contraste com o Syriza e a atitude do Syriza em relação ao KKE é eloquente (e o facto de o KKE e o PCP não serem idênticos é, na circunstância, pouco relevante).
Esta atitude de menoridade em relação ao PCP, que vem de trás e não se manifesta só em relação à Europa, e que consiste em afirmar: "As nossas propostas são diferentes das do PCP, mas isso não quer dizer que estejamos contra as dele, ou que as nossas soluções e as dele se excluam" é, além de incoerente no seu princípio, tacticamente suicida — ou muito perto disso. Enfim, parece-me eu de que…
msp
De acordo, Miguel, acho que o BE não ganha nada nesta atitude reverente em relação ao PCP, por um lado, e se não se libertar daquela maionese (que vai voltar a ser remexida) entre os PS e o PCP.
O que não é fácil, convenhamos...
Ainda ontem disse ao Louçã, no Facebook, que o espaço por ocupar está é «à esquerda» do PCP.
Mas, Joana, o que eu me pergunto agora, um pouco à margem, é o que dirá o novo deputado MPT ou os seus fãs, lendo esta troca de ideias num post chamado "José Inácio Faria"…
Abraço
miguel
Pois, eu vi logo que os teus comentários eram para outro «post», mas... talvez melhor assim, já que este está a ter centenas de acessos!
O sofisticado e perverso neo-reformismo do Bloco de Esquerda emperrou, é o termo, na imagem fraca-e-forte de apresentar uma "direcção", para o bem e para o mal, decisivamente tricéfala. A que se soma um " programa " cientifico social-democrata com os laivos saudosistas de um leninismo purificado...O resultado está à vista: a falta de democraticidade interna absoluta do BE, as cooptações arrivistas e oportunistas nauseabundas e as hierarquias sonsas que se mostram em público, em actos públicos, foram fatais para o início do seu fatal declínio político. Com Louçã " libero ", o BE tentou encenar a cópiazinha lusitana do Front de Gauche-à-la-Mélenchon, tentando varrer para debaixo do tapete todas as contradições e impossibilidades que manietam o antigo senador do PS francês. Salut! Niet
Tanto melhor, então. Mas, voltando atrás, à tua maionese, já viste o que o Soares escreve no DN : "Contra a direita é preciso que a esquerda se una e que o Partido Socialista, por seu lado, também não fique isolado. E tente cooperar com toda a esquerda que o queira, de igual para igual.
As eleições do passado domingo devem fazer repensar os partidos da esquerda, como ocorreu na Grécia com Tsipras, cujo partido Syriza, ganhou as eleições. O que infelizmente não aconteceu com o Bloco de Esquerda. Mas este não deve desanimar"?
Niet, não consigo responder: não revejo os problemas do Bloco em tantas frases, com tantos adjectivos que considero inadequados.
Miguel,
O actual esquerdismo de alguém, como o Soares, que criou e manteve sempre, com mão de ferro, um dos PS mais à direita da Europa, deixa-me indiferente. E talvez fosse bom lembrar-lhe que o equivalente do PS português é o PASOK. Ainda não perdi a esperança de ver o PS com as mesmas %...
Joana, eu não estou seduzido pelo "esquerdismo" de Mário Soares: de resto, nem contra Freitas do Amaral, in illo tempore, lhe dei o meu voto. Mas lá que que está com vontade de contribuir para a maionese de quer falavas e outras, parece-me evidente. Foi só isso que quis dizer.
Apenas para rectificar uma afirmação do Miguel Serras Pereira. Não é verdade que os partidos da coligação e o PS tenham recolhido quase sessenta por cento dos votos do eleitorado. A verdade é que recolheram quase sessenta por cento dos votos de trinta e quatro por cento do eleitorado.
Abraço.
Miguel T. Pereira
Carissima: Já lhe respondi! Não são adjectivos, são peças de análise politica! Entendo que ande muito preocupada com o futuro politico de Portugal. Abraço Niet
Claro, o Miguel (TP) tem razão — foi lapso meu.
Já agora, Miguel, quanto à abstenção: a abstenção significa uma rejeição de participação na cena política dominante, e é verdade que há boas razões para essa rejeição: do cepticismo à impressão de que, faça-se o que se fizer, isso não contará.
Mas também creio que saudá-la como indício positivo é ir longe demais. Excepto nos casos em que corresponde a uma atitude publicamente assumida estipulada por um movimento ou tendência política clara, a rejeição abstencionista, por si só, pode ser sintoma de um refúgio na privatização, ou, ainda: o descontentamento que exprime é passível de ser captado por propostas salvíficas e autoritárias que se desenvolvem promovendo a participação dependente (antidemocrática).
Abraço
msp
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