«No passado domingo, o Banco de Portugal convocou para a hora do jantar uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do BES para determinar a cooptação dos novos membros para a comissão executiva. (...) Marcar uma reunião para a hora em que está a dar o Alemanha-Argentina diz muito sobre o mundo - à parte - onde esta gente vive. (...)
Na verdade, acho que separar o nome Espírito do Santo do banco é a ideia mais estapafúrdia e inconcebível que já ouvi. Tirar o ES do BES, é como tirar o nome Sintra das queijadas, ou Porto no Vinho do Porto. É mais que um nome, é uma tradição, é o prestígio da marca. O BES, sem a família Espírito Santo, deixa de fazer sentido: nada o distingue dos outros. O que dava sossego, e conforto, aos clientes era, precisamente, o facto do banco pertencer há 150 anos a esta família, a última das grandes famílias tradicionais. O sabermos que, lá em cima, estava o Salgado (e toda a dinastia), o DDT, a olhar por nós. Era o quentinho, como no velho clássico português 'O Pátio das Cantigas' quando as crianças, no meio do alvoroço, são colocadas numa carroça que tem escrito "Salazar", enquanto Vasco Santana declara: "aqui, estão em segurança".
Depois do fim dos Espírito Santo, resta rezar para que a família Santini não se meta num esquema de ponzi, ou nada irá restar dos velhos tempos; e daquele óptimo gelado de baunilha.»
João Quadros
(O link pode só funcionar mais tarde.)
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