«As sucessivas declarações de Passos Coelho e do Governo que não haverá intervenção no GES, mostra a deliciosa narrativa em que vivemos: o Governo, quando for evidente que o BES é fulcral para garantir a circulação de sangue na economia nacional (porque é), funcionará como um carro-vassoura. Essa fórmula consiste em salvar a cara com o método tradicional da burocracia europeia para gerir a crise: solucionar só os problemas mais gritantes e varrer para debaixo do tapete a sujidade que ninguém quer ver.
Mais tarde ou mais cedo, de noite, quando os olhos dos cidadãos estão mais cansados, o Governo actuará. Seja com meios próprios, seja através dos "fundos" que serão brevemente cortejados por quem sabe. Tudo perante o olhar pacato de Bruxelas, que não quer um novo incêndio num dos seus quintais. Caminharemos assim, sem muitos sobressaltos, para o pragmatismo liberal que Passos Coelho quer impor ao país: as coisas têm de mudar para que Portugal volte ao passado medieval, onde um pequeno grupo domina o Estado e a economia ao mesmo tempo.»
Fernando Sobral, no Negócios.
.
0 comments:
Enviar um comentário