6.7.14

Vem aí outro Vítor



Talvez não seja fácil prever o que aí vem com a nomeação de Vítor Bento para tomar conta do BES, independentemente da direcção propriamente dita do banco. Não se trata apenas de um nome entre vários possíveis, mas de alguém da linha mais do que dura em termos da gestão da crise em que o país mergulhou.

Foi um dos primeiros (se não mesmo o primeiro) a afirmar que os portugueses estão a viver muito acima das suas possibilidades, um dos poucos defensores da TSU que não chegou a ver a luz do dia em Setembro de 2012, opositor acérrimo a qualquer ideia de reestruturação da dívida.

No Expresso de ontem, Pedro Santos Guerreiro (PSG) é certeiro nestas observações que, curiosamente (ou talvez não), lembram um outro Vítor, Gaspar pelo lado do pai (*). Bento não vai para o governo, é certo, mas a sua influência extravasará a instituição a que presidirá.

«Os grandes clientes do BES nem vão saber de que terra são. Vítor Bento não é só um novo líder, representa uma nova filosofia. Conhece aquela frase “é preciso um novo paradigma”? Nunca quer dizer nada. Excepto desta vez: é mesmo uma mudança. Bento é um macroeconomista puro, que tem a oportunidade de uma vida de pôr em prática o que sempre defendeu: o fim dos poderes instalados, dos negócios de família, das rendas nos sectores não transacionáveis, dos apoios a investimentos duvidosos do Estado. Está a ver o alcance da opção? Está mesmo? E está a ver o PSD por todo o lado?» 

Além disso, e como tantos já disseram desde ontem, isto é mesmo uma OPA do PSD, com Cavaco Silva no bolso. Diz PSG no mesmo texto:

«Desculpem lá: Bento não tem experiência na banca comercial mas está acima de todas as suspeitas. Mas... um cavaquista como CEO, um ex-deputado do PSD como chairman, um administrador financeiro da confiança de Maria Luís, com um governador social-democrata... Porque tinham de alambazar-se? O PSD tomou conta do BES? Caramba, depois do brilharete de Passos na semana passada... Porquê? A escolha de Vítor Bento resolvia o problema reputacional, escusavam de criar outro.»

Talvez não houvesse necessidade...

(*) Julgo que o link não funciona para não assinantes do Expresso
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1 comments:

luis reis disse...

O senhor não começou a fazer pela vidinha, e a " aparecer" com o Inginheiro Guterres em 1995?Andava pelas "franjas xuxialistas"!!!Ai a memória.E parece que nessa altura havia tantos fundos,etc e tal...