«Em 1931 o poderoso governador do Banco de Inglaterra, Montagu Norman, exausto, retirava-se para descansar no estrangeiro. O mundo financeiro parecia um vulcão e nas ruas os desempregados, sem futuro, criavam "gangs".
Winston Churchill escrevia a um amigo que se falava que algo de terrível poderia acontecer e era claro: "Espero que enforquemos Montagu se isso acontecer. Eu virarei a opinião do Rei contra ele". A cadeira de governador é, às vezes, parecida com a cadeira eléctrica. Mas, paradoxo total, todas a querem. Mesmo correndo o risco de ser electrocutados devagar ou devagarinho.
Em Portugal todos a desejam, mesmo que só o digam em surdina. Até Carlos Costa deseja manter-se. Apesar do labirinto do BES, do buraco negro do papel comercial, do que não se sabe de outras entidades bancárias e das hesitações várias em vários momentos da sua maratona. (...)
Mas, mesmo assim, o governador é o garante de uma "supervisão" que parece, em Portugal, um queijo suíço: suscita dúvidas por todos os poros. (...) Num país como este ele deveria ser o garante da segurança e, por isso, deveria ser o denominador comum de quem se sucede no poder.
A sucessão de Carlos Costa está a ser tratada (...) num condomínio privado entre S. Bento e o Terreiro do Paço. É pouco. Até porque Carlos Costa molhou-se bastante no meio da chuva do BES e do papel comercial. Mas o seu sucessor aparente, António Varela, também parece caminhar em terreno minado. Espera-se apenas uma coisa: sensatez.»
Fernando Sobral
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