«A União Europeia está muito longe de ter qualquer estratégia face à China, que ultrapasse as relações comerciais e a competição interna para ser o melhor amigo de Pequim. A última triste demonstração pública foi a corrida desordenada entre os grandes países europeus para serem fundadores do novo Banco Asiático de Investimento e Infra-estruturas de iniciativa chinesa. O problema é que a China tem uma estratégia para a Europa que está a pôr em prática meticulosamente. (...)
A crise europeia ofereceu-lhe uma oportunidade de ouro que não vai desperdiçar. Enquanto olha, horrorizada, para a forma como os europeus se gerem a si próprios, vai aproveitando a vulnerabilidade dois países do Sul e do Leste para criar as bases que lhe podem abrir caminho para a Europa mais rica em áreas que considera fundamentais, incluindo de alta tecnologia. E se há exemplo acabado desta estratégia, ele está em Portugal. O capital chinês, estatal ou privado, comprou algumas empresas estratégicas (por exemplo, a REN), lançou-se nos seguros (com a compra da Fidelidade à CGD) e prepara-se agora para entrar na banca com a aquisição do Novo Banco. Os chineses ganham porque pagam mais do que os outros e não porque trazem consigo melhor gestão e melhor tecnologia. O que é mais preocupante é que ninguém discute sobre isto, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Não passa pela cabeça dos nossos governantes olhar para o que se está a passar no Mar da China do Sul. A generalidade dos analistas acha que, em tempo de “guerra”, não se limpam armas.» (Realce meu.)
Teresa de Sousa
.
0 comments:
Enviar um comentário