«Foi o último discurso de Cavaco Silva enquanto Presidente da República, nas comemorações do 10 de Junho. Finalmente, uma razão muito válida para comemorar o 10 de Junho. Foi um discurso de esperança, não pelo conteúdo, mas por ser o último.
Se, por um lado, me enche de alegria saber que estamos em contagem decrescente para nos livrarmos do homem de Boliqueime, por outro, confesso que estou em pânico porque Cavaco disse do país o que disse do BES. Aníbal veio dizer que Portugal está sólido e sabemos todos como isto acaba. (...)
"O país está melhor agora", disse Cavaco Silva, e elogiou o trabalho realizado pelo actual Governo. Já lá vai o tempo em que o nosso Presidente vivia com muita dificuldade com a sua pensão, ao ponto de desmaiar de fraqueza. Só faltou o Aníbal oferecer-se para ir colar cartazes. (...)
Talvez esperançado que Sócrates já estivesse em casa a ver pela televisão, Cavaco condecorou o ex-ministro das Finanças do homem que não usa pulseiras. Deve ter--lhe custado muito – não tanto como deveria custar a Teixeira dos Santos ser condecorado por Aníbal – mas, para chatear o 44, vale tudo.
O antigo ministro das Finanças, do governo socialista de José Sócrates, recebeu a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo, designação estranha que junta "Cristo" e "militar", o que é mais ou menos o mesmo que acasalar Dalai Lama com ataque de histerismo. Foram várias as vozes que, para dentro, exclamaram que Teixeira dos Santos merecia, sem dúvida, a condecoração, mas o mais adequado seria a Grã Cruz da Ordem Militar de Judas. Talvez seja exagerado, o nosso jornal que decida.»
João Quadros
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