Alberto Vaz da Silva morreu ontem. Mais um companheiro de várias caminhadas, que desaparece. Dói.
Estive com ele em Dezembro, numa festa em que foi lançado um livro de homenagem a um amigo comum de sempre – o José Manuel Galvão Teles. Ainda estava bem, ou parecia estar. Conversámos, rimos de tudo e de nada. Tanto ele como eu tínhamos escrito textos para o livro em questão. Brincámos com o que tinha dito no seu:
«Por que me vêm sucessivamente à memória, arco-íris sobre o tempo, a Joana Lopes, a mana Olívia, o Jorge Sá Borges? Lutamos até ao fim da vida com os nossos estranhos corações.
Atingimos nesses anos 60 e 70 inegáveis picos, alguns perigosos abismos, mas também cumes recobertos por neves eternas, "sempre à espera de estarmos na véspera de vivermos grandes coisas", como sentia Pasolini em New York, em 1966.
O difícil foi manter a proporção humana, anos tão doces, anos tão bons em que o ar rescendia ao perfume da flor de osmanto, e o podermos, como Cléofas, convidar o desconhecido com quem fazíamos o caminho de Emaús para entrar connosco na estalagem, porque já era tarde e a noite chegava.»
O Sá Borges já desapareceu há uns anos e há que tempos que nada sei da mana Olívia. La nave va, mas não é fácil.
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Uma foto dos tempos que o Alberto refere, «sempre à espera de estarmos na véspera de vivermos grandes coisas».
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