«Se o voto é a arma do povo, desta vez, o povo armou uma valente confusão.
O resultado eleitoral criou um quadro surrealista de tal forma que não é descabido dizer que Costa, o maior derrotado das eleições, se tornou o homem mais poderoso de Portugal. Tão poderoso que até pode ser PM. Confuso? Foi o que eu escrevi no início do texto. (...)
O Presidente da República passa um atestado de incompetência a quem votou BE ou CDU e anula os votos de um milhão de portugueses, dizendo que votaram em vão, porque não conta com esses votos, porque não obedecem a determinados compromissos que nós temos. Vamos lá ver. Se realmente partidos que apoiam a saída da NATO não contam, então não deviam estar no boletim de voto. Votou CDU, mas não viu as letras pequeninas, no final do boletim de voto, onde dizia, "atenção, para governar só contam votos em partidos que querem Portugal na Nato". (...)
Chegamos, agora, ao início do texto, perante o quadro de não maioria à direita (a tal maioria que o Presidente da República definiu, antes das eleições, como condição essencial para aceitar um governo), toda e qualquer solução passa por António Costa. O PSD e o PP já deram por isso, e a coligação veio logo mostrar-se disponível para dar presidência do Parlamento ao PS; e uma caixa de mon-chéri.
De repente, Costa é o novo sexy platina. Atacado pelos seguristas no interior do partido, António Costa é desejado por todos fora dele. O Bloco de Esquerda deseja fazer governo com ele. O PCP apoia um governo de Costa. Passos Coelho e Portas querem chegar a uma solução de governação com Costa, e o Presidente mandou o ex-PM ir falar com ele. Imaginem se Costa tivesse ganho as eleições?! Já havia estátuas com António Costa a cavalo na Avenida da Liberdade.»
João Quadros
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