«Durão Barroso, Maria Luís Albuquerque, Paulo Portas, Vítor Gaspar, Carlos Moedas, outros mais, serviram quem entenderam dever servir, e foram à vida. Quero dizer: ajeitaram melhor o seu pessoal caminho. (…)
Todos estes acontecimentos são deploráveis pelo que revelam de ócio mentiroso. Quando do 25 de Abril, as pessoas, na generalidade cansadas do fascismo beato, irmanaram-se para proceder a uma alteração histórica nos destinos da pátria. Foi quando a revolução desceu à rua, e aqueles que a não assistiram perderam um dos momentos cruciais da história pátria. Houve democratas instantâneos como o pudim flan, e outros, atemorizados com o desenrolar as coisas, que fugiram para o Brasil, lá permaneceram até que a poeira deixou de estremecer as consciências e tudo voltou quase à mesma.
O movimento das coisas fez revolutear muitas consciências, e democratas instantâneos como o pudim flan surgiram do lodo para construir o seu pessoal destino. (…) Sei muito bem que os que ficam são tidos como marginais, gente antiga e fora do contexto. E, acaso, todas estas acusações sejam verdadeiras. Mas vejo essa população ainda imensa, que se sujeitou a acreditar nos sonhos, e sinto que ela tem a razão que alimenta a vida e constrói os ideais possíveis.
É lógico que as coisas mudaram, e mudam substancialmente cada dia que passa. E sei que, para muita gente, é difícil adaptar-se a estas normas novas, recuperadas de tradições antigas. Com certa emoção (confesso), sigo as travessias, os gritos e ainda as esperanças desses meus compatriotas. No contexto político mais alargado de todo o mundo, essa gente ainda é aquilo que resta, o que sobra do que ficou dos sonhos antigos. E todos nós sobrevivemos.»
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