«Enquanto estamos todos, ou quase todos, na praia a gozar o Agosto, os EUA e a Coreia do Norte andam a brincar à WWIII. Ninguém faz uma guerra nuclear em Agosto. É estúpido. As grandes capitais estão vazias, é desperdiçar munições.
Sei que o caro leitor está mais preocupado com o raio do vento e com a água fria do que com a situação mundial. Não quero incomodá-lo. Aliás, provavelmente, uma guerra mundial duraria menos do que as suas férias, por isso é bem provável que já esteja acabada quando voltar de Albufeira.
Sem lhe querer estragar o dia, não sei se sabe, mas o Trump ameaçou a Coreia do Norte com: "Fúria e fogo nunca vistos." Sinto que o leitor encolhe os ombros, tira a areia da toalha e diz: "Vê-se que não conhece o SIRESP."
Não o comovo, não é? E se lhe disser que, depois de Trump ter ameaçado responder à Coreia do Norte com "fúria e fogo", Pyongyang avisou que está a estudar um plano para atacar com mísseis o território norte-americano de Guam, no Pacífico. Pois, não lhe diz nada. Está na República Dominicana? Compreendo, Guam não tem descontos para famílias.
No fundo, o leitor comporta-se como o Trump que, depois de uma escalada verbal e ameaças, resolve, no dia seguinte, ir jogar golfe logo pela manhã. Confesso que me assusta o facto de Trump ter ido jogar golfe. Se ele acabar a noite num "golden shower", pode ser sinal de que está a aproveitar tudo porque sabe que o mundo acaba amanhã.
É curioso. O tarado do Kim é Presidente porque aquilo é uma ditadura, e não há eleições, mas o maluco do Trump é Presidente porque, na "maior democracia do mundo", votaram nele. Aposto que se os norte-coreanos pudessem votar, evitariam um e outro.
Uma chatice, esta cena dos mísseis, porque tenho a sensação de que o Trump e o Kim podiam ser grandes amigos. Têm tudo a ver. No estilo, na conversa, são daqueles que, se tivessem sido amigos em pequenos, teriam afogado gatos e rebentado sapos com cigarros.
A verdade é que ninguém quis resolver isto e acabou por sobrar para o Trump. Ao longo dos últimos anos, sempre foram feitas piadas sobre a capacidade bélica da Coreia do Norte. De tal maneira que, ainda hoje em dia tenho a sensação de que os mísseis norte-coreanos são daqueles que a meio desistem com dores de burro. Aquilo é malta norte-coreana a pedalar.
Acho que se podia resolver o problema da Coreia do Norte com um combate de "wrestling" entre o Trump e o Kim. O Trump é um homem do "showbiz" sabe que seria um espectáculo mais visto do que os Jogos Olímpicos. E aposto que o gordo da Coreia aceitava, porque ele é do género de fazer "bullying" e pensa que é o maior.
No fundo, acho que andam a complicar isto. Se o Trump pusesse o Kim a apresentar um "talk show" (por exemplo, o "Shark Tank", em que os que perdem são atirados aos tubarões) ou lhe oferecesse dois casinos, ou ambos, ele fugia pela calada da noite da Coreia do Norte. Aquilo é uma seca, mesmo para quem é ditador.»
João Quadros
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