«No mesmo dia em que ficámos a saber que o Banco de Inglaterra vai financiar directamente o Estado britânico durante o tempo que o governo considerar necessário para combater as consequências económicas do covid-19, o Eurogrupo anunciou um acordo "histórico" que produz efeitos irrisórios face às actuais condições de financiamento dos Estados membros e que não preenche nem um quinto das necessidades de Portugal até ao fim do ano. Isto pedindo "apenas" em troca que os países cumpram as regras orçamentais europeias. As mesmas que, nas condições actuais, nos conduzirão a mais uma década de austeridade.
Parece que no final da reunião do Eurogrupo os ministros das finanças da zona euro bateram palmas. Faz lembrar os passageiros da 1a classe do Titanic a aplaudir a valsa acabada de tocar pela orquestra, enquanto o navio se afundava.»
Ricardo Paes Mamede no Facebook
«EUROGRUPO: UMA MÃO CHEIA DE DÍVIDA E OUTRA DE COISA NENHUMA
As decisões anunciadas resultam do consenso franco-alemão e apenas prevêem empréstimos aos países. Para viabilizar o recurso ao Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), sem condições específicas, estreitou-se a utilização dos fundos.
O recurso à linha de crédito do MEE, da qual os Estados poderão receber até 2% do PIB, fica sujeito a que os gastos sejam apenas relacionados com a saúde. De fora do acordo fica a mutualização de dívida - a sua omissão mostra que o tema foi enterrado pela Alemanha e Holanda.
De fora do acordo fica, também, o financiamento monetário da despesa pública no combate à crise - a opção mais sensata, defendida por economistas tão insuspeitos como os do Financial Times e à qual o Banco de Inglaterra já abriu a porta hoje.
A definição dos contornos do Fundo de Recuperação para o pós-crise foi adiada para uma eventual reunião do Conselho. Depois de três reuniões e longas horas de discussão, o Eurogrupo deixou o essencial por decidir.
Em resumo: a "ausência de condicionalidade" é uma meia verdade - só se aplica às despesas de saúde. Além disso, os países que se endividarem serão depois sujeitos a nova vaga de austeridade para cumprir as regras orçamentais aplicadas com mão de ferro pela Comissão. Pior era difícil!
Marisa Matias no Facebook
«EUROGRUPO: UMA MÃO CHEIA DE DÍVIDA E OUTRA DE COISA NENHUMA
As decisões anunciadas resultam do consenso franco-alemão e apenas prevêem empréstimos aos países. Para viabilizar o recurso ao Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), sem condições específicas, estreitou-se a utilização dos fundos.
O recurso à linha de crédito do MEE, da qual os Estados poderão receber até 2% do PIB, fica sujeito a que os gastos sejam apenas relacionados com a saúde. De fora do acordo fica a mutualização de dívida - a sua omissão mostra que o tema foi enterrado pela Alemanha e Holanda.
De fora do acordo fica, também, o financiamento monetário da despesa pública no combate à crise - a opção mais sensata, defendida por economistas tão insuspeitos como os do Financial Times e à qual o Banco de Inglaterra já abriu a porta hoje.
A definição dos contornos do Fundo de Recuperação para o pós-crise foi adiada para uma eventual reunião do Conselho. Depois de três reuniões e longas horas de discussão, o Eurogrupo deixou o essencial por decidir.
Em resumo: a "ausência de condicionalidade" é uma meia verdade - só se aplica às despesas de saúde. Além disso, os países que se endividarem serão depois sujeitos a nova vaga de austeridade para cumprir as regras orçamentais aplicadas com mão de ferro pela Comissão. Pior era difícil!
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