24.3.21

Estado da arte

 

É sempre com muita atenção que leio o que escreve Tiago Correia:

Reunião do Infarmed de hoje (23.03.2021)
2 conclusões, 2 desafios e 1 lembrete

Conclusões
1. a disseminação da infeção continua controlada, o que é essencial recordando que ainda estamos em processo de desconfinamento. É previsível que os contágios aumentem. O que se pretende é que esse aumento seja ténue (através de rastreios, testes e cumprimento do isolamento).
2. Estamos a proceder melhor do ponto de vista de testagem e de vigilância genómica, o que é essencial para a qualidade da tomada de decisão técnica e política.

Desafios
1. Decidir se se mantém a abertura das escolas. As projeções mostram que o aumento do R(t) nas próximas semanas pode levar-nos para o sinal amarelo, o que de acordo com a matriz de risco suspende o desconfinamento. Terá que se decidir sobre o que fazer nessa circunstância.
2. Gestão das fronteiras e soluções de retoma económica. O papel das variantes (na transmissão e na letalidade) ficaram bem patentes, o que no contexto de atraso da vacinação é ainda mais preocupante. Deverão ser procuradas soluções (turismo interno?) para compensar algumas restrições que se devem manter na circulação internacional de pessoas.

Lembrete
1. Estamos num bom momento e sabemos por experiência quais os sinais a interpretar perante o agravamento da infeção. Sabemos que os comportamentos não irão mudar além do que já mudaram. A solução está em compensar através de planos de testagem e de rastreio muito efetivos e adaptáveis à realidade.

Tiago Correia no Facebook, Professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical
.

1 comments:

Jorge disse...

Eu, anónimo cidadão que não sou professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, mas que sei ler e lá vou tendo umas bases que me permitem compreender a informação publicada num BMJ, num The Lancet ou num MedRxiv, entre outras, disponíveis para consulta ( ou disponibilização de link ), sei que:
- Conforme o número de casos diminui, mais o Rt se aproxima de 1, e no extremo irá manter-se em 1, mesmo que só surja um novo caso por semana. Baixar continuamente, só o vírus desaparecendo, o que seria a primeira vez.
- Com prevalências tão baixas como se estão sistematicamente a encontrar ( entre 0,1% e 0,6% ou por aí ), não só testagens massivas são irrelevantes, como podem mesmo ser contraproducentes, inclusive porque no caso dos testes PCR potenciam o número de falsos positivos.
- O "bem patente" papel da transmissão e letalidade das variantes deve estar bem escondido, porque os dados e estudos não o encontram de forma relevante. Seria de referir que já se detectaram mais de 12.000 variantes, o que, segundo os manuais de epidemiologia, é sinal de uma evolução para endémico, e as variantes portam-se mais ou menos da mesma forma. Seria de considerar seriamente os avisos de que as medidas extremas que se têm tomado, e mesmo as vacinas, podem ter como efeito principal o potenciar de mutações continuas, já que as mutações nos vírus têm como "objectivo" ultrapassar obstáculos.
- Que na comunidade cientifica se vai consolidando a tese, que as evidências reforçam, de que se está perante um vírus tendencialmente sazonal. Seria talvez de abandonar o dogma de que não é sazonal, e começar a aceitar, pelo menos como princípio, o factor sazonalidade, assim como a imunidade natural ( que parece ser agora um tabu, mas que anteriormente à existência das vacinas, foi o que impediu que a humanidade fosse extinta nas epidemias do passado ).
Deixo portanto a interrogação: se qualquer cidadão sem responsabilidade na questão pode aceder e analisar esta informação, porque quem tem responsabilidade não o faz? Ou faz, e opta por ignorar? E se é essa a opção, porquê?