«Muitos ainda vivem na ingénua ilusão de que a actual guerra é um conflito regional entre a Rússia e a Ucrânia, capaz de ser resolvido em termos puramente bilaterais, não se apercebendo de que a "operação especial" de Putin deu um golpe de misericórdia nas ténues esperanças de uma transição energética equilibrada e saudável. Se já de si eram difíceis de cumprir as metas e os objectivos capazes de conter o aquecimento global, eles tornaram-se agora muito mais distantes e inalcançáveis. Além dos efeitos directos no território da Ucrânia e dos países limítrofes, a urgência com que hoje se buscam alternativas ao gás e ao petróleo russos impede que se faça uma aposta a sério, amadurecida e articulada, em fontes de energia renováveis e mais limpas. À semelhança do que aconteceu morticínio das baleias na Inglaterra do pós-guerra, os governos agem agora à pressa e sob tremenda pressão, a pressão de opiniões públicas que tanto reclamam o fim imediato das importações de energia da Rússia como não estão dispostas a fazer os sacrifícios que uma medida tão drástica implica.»
António Araújo
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