Os que me lêem habitualmente reconhecerão a parte direita desta fotografia que uso como imagem de perfil todos os anos nas redes sociais, por volta do 25 de Abril. Foi tirada às 11h no Largo do Corpo Santo em Lisboa, no dia 25.04.1974, quando ainda nada estava decidido, pela Micucha, mulher do José Manuel Galvão Teles que ontem morreu.
Já disse muitas vezes que é a maior fotografia que guardo da minha longa vida. Acrescento hoje que é um dos símbolos do elo de amizade e de cumplicidade inabaláveis que me ligaram ao Zé Manel (e à sua família), sobretudo nos agitados activismos antifascistas dos anos 60, quando estivemos de braço dado e mão na massa, numa teia de actividades inimaginável. Com algumas características que sempre nos uniram: a persistência (ou talvez teimosia…), a alegria e o hábito, de que tanto nos ríamos, de sermos os últimos a sair de qualquer reunião ou actividade, por mais que os relógios indicassem que já há muito começara o dia seguinte.
Num livro publicado há alguns anos em sua homenagem, escrevi isto: «Posso estar meses, ou mesmo anos, sem o ver. Mas é sempre como há mais de meio século: foi ontem, quando muito anteontem.» O «meu» mundo não será o mesmo sem o Zé Manel.
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