«Em poucos meses, a Europa avançou com propostas para investir até 5% do seu PIB em armamento, justificando-se com a guerra na Ucrânia, a instabilidade no Médio Oriente e o regresso de uma lógica de confrontação militar entre blocos. No entanto, sete meses antes, durante a Cimeira do Clima de 2023, no Dubai, os mesmos governos não conseguiram reunir consenso para garantir que o Fundo Global para Mitigação e Adaptação Climática atingisse sequer 1% do PIB global.
Esta assimetria diz-nos muito sobre as prioridades reais das elites políticas e económicas. Quando o desafio é militar, a decisão é imediata. Quando o desafio é climático – estrutural, difuso e planetário –, a resposta continua a ser adiada. Esta disfunção é, ao mesmo tempo, moral, estratégica e económica.
A crise climática já não é uma ameaça futura. É presente, concreta e cada vez mais letal. Na semana passada, Portugal continental viveu uma onda de calor intensa, com temperaturas que ultrapassaram os 46 graus Celsius e dezenas de concelhos sob risco máximo de incêndio rural. Mas o calor não mata apenas nas florestas. Mata também nas cidades, nos hospitais, nos lares e nas casas onde vivem milhares de pessoas em pobreza energética severa.»
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