«Insisti com o meu filho, que, aos vinte anos, é um dos homens mais feministas que conheço (…). Perguntei-lhe o que faria se fosse “ministro da Luta Contra a Violência de Género”. Primeiro fez uma piada, depois disse, com um ar muito des-construído, que não poderia assumir o cargo porque deveria dar o lugar às mulheres, uma vez que são elas as principais afetadas, o centro do problema.
Provocadora, perguntei-lhe: mas isto não é, sobretudo, um problema dos homens? Seguiu-se então uma das conversas mais interessantes que já tive sobre o assunto, e que daria toda uma outra ou várias crónicas, nomeadamente quando lhe perguntei a partir de que momento começou a “ser um rapaz”, e sobre como e porque é que a distinção rapaz/rapariga na infância é pensada, desde logo, não apenas como diferença, mas como hierarquia. Mas houve uma reflexão que me marcou, para além de me ter dito que a cordialidade entre Trump e Mamdani na Sala Oval se explica também pelo fenómeno do boys club, porque podem ter as suas desavenças, mas, no fim, reconhecem-se como pares masculinos (…). Ora, essa reflexão foi: os homens enervam-se e agridem quando se dão conta de que, afinal, a mulher não é um objeto que possuem, que está ao seu serviço, ou uma criança a quem se dá ordens sem contestação, mas que tem as suas próprias vontades, limites, autonomia. Eles dão-se conta de que a mulher é uma pessoa.»
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