14.4.08

Pobre Itália


13 comments:

António P. disse...

Pois é Joana,
Sempre me interroguei porque é que nos paises ditos "cultos", os eleitores escolhem sempre ( ou quase ) a direita ( e que direita neste caso ) para os governar.
Quando é nos EUA chamamos ( ou antes alguns chamam ) aos americanos burros e sem cultura... O que chamar italianos ( e já agora dos franceses ) ?
Cumprimentos

F. Penim Redondo disse...

Na Itália uma esquerda inacreditável não deixa ao povo outra alternativa que não seja o Berlusconni !

Em Portugal uma direita inacreditável não deixa ao povo outra alternativa que não seja Sócrates ?

Simetrias...

Joana Lopes disse...

António,
Penso que estamos numa fase péssima, de facto. Virá outra melhor? Gostava de acreditar...

P.S. - A propósito do «post» sobre o mural do MES: o Zé Dias também se manifestou, por mail.

Joana Lopes disse...

Fernando,
Não está mal visto...

Luís Bonifácio disse...

Sinceramente espanta-me ver alguém a tentar dar lições de moral a um estado democrático.

Berlusconi ganhou as eleições. Ponto final.

Se não aceita os resultados de uma eleição vá viver para Cuba ou para a Coreia do Norte.

A Itália não fica pobre nem fica rica. Tem um primeiro-ministro eleito por sufrágio popular. Antes era de esquerda, agora é da direita. O próximo será da cor que os italianos quiserem, e nós não temos nada a ver com isso.

Joana Lopes disse...

Para Luís Bonifácio:
Eu não quero dar lições de moral a ninguém, mas tenho o direito de me alegrar, ou não, com o que vai acontecendo. E, cada vez mais, temos todos a ver com o que se passa em toda a parte.

Aqueduto Livre disse...

Pois:

1 - E Hitler subiu ao poder através do VOTO!
2- E Hugo Chavez, também!
3- O filho Bush, de igual modo!

O que se critica não é, nem a Democracia, nem a legitimidade das escolhas dos Povos.

O que me entristece: é podermos "pressentir" que, algumas vezes, as "escolhas" inquestionáveis dos Povos - provocam Tragédias imensas.A história está carregada de exemplos.

Não creio que será o caso do corrupto "il cavalieri", mas que entristece, lá isso entristece!

Abraço,

Zé Albergaria

NB - A Roma antiga teve Adriano, teve Augusto, mas teve Caligula e Nero..Il cavalieri, será?...O futuro, sempre o futuro, no lo dirá.

F. Penim Redondo disse...

Caro Zé Albergaria,

concordo com quase tudo excepto com a referência às "escolhas" dos povos feita entre aspas. Tal abordagem implica duas teses erradas:

1. que o povo quando vota contra nós foi necessáriamente enganado, que o povo é fácil de enganar...

2. que os perdedores, neste caso a esquerda, não tiveram qualquer responsabilidade na derrota. A derrota não deriva nunca dos erros de quem perde (no futebol os árbitros servem para isso...)

A única atitude digna no caso italiano é procurar perceber, infatigavelmente, como é possível ter-se chegado a este ponto.
Em vez disso vamos ter o habitual coro de críticas a Berlusconni a demonstrar, pela milésima vez, o que já todos sabemos: que o homem é insuportável.

Joana Lopes disse...

Zé e Fernando: continuem que estou a gostar.

Aqueduto Livre disse...

Caro Fernando,

Então, agora,anda a tropeçar nas minhas aspas?!...

A sério:
o meu conceito, por inteiro, é (desta vez - sem aspas): escolhas inquestionáveis.

Porque é que, eu, aspei, as escolhas?

O processo, que me leva, nos leva, a votar neste Partido e não no outro- são, como saberá, processos muito, mesmo muito, complexos e datados, a carecer de contextualização!

Sem lhe roubar muito tempo, recordemo-nos da ascensão de Hitler e do Partido Nacional Socialista ao poder na Alemanha da década de 30 do século XX.

O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, criado por Hitler, em 1920 alcança, respectivamente, em:
1928 - 12 deputados;
1930 - 107 deputados;
1932 - 230 deputados.

Nesta data, os deputados comunistas e sociais-democratas, eram "mais" do que os hitlerianos, mas é Hitler que é convidado para Chanceler, em 1933 e, depois da morte de Hindeburg, assume a Presidência. Depois de eleições manipuladas e aldrabadas, controladas, totalmente, pelos nazis no Poder, alcança a MAIORIA no Parlamento!

As circunstâncias históricas, a qualidade propagandistica, "o viol des foules", a prática política, as directivas impressivas aos correlegionários ( se encontrares Cristo e , ele, tentar impedir-te de fazer o que tens de fazer, mata-o!, era uma das directivas do catecismo nazi!)as cumplicidades da sociedade alemã e...indo ao seu encontro, caro Fernando, acrescente-se a responsabilidade dos Partidos de esquerda ( o Social Democrata e o Comunista, herdeiro de Rosa Luxemburg e de Karl Liebeknecht da Liga Spartacus, assassinados em 1919... que se cindiu em 1930, em torno de divisões insanáveis - foram proibidos, por Stalin, de se juntarem, para, eventualmente, poderem fazer frente à ascensão meteórica de Hitler).

Os partidos de esquerda, que tinham um poderio imenso na Alemanha de então,com as suas tricas, lutas e disputas, descredibilizaram-se, ambos, junto do eleitorado, deixando o terreno livre aos Nazis!

Como vê, as minhas aspas têm a ver, apenas, com a complexidade dos processos das "escolhas" e não com um juizo de valor coxo, ou disfuncional, sobre as opções (sempre inquestionáveis, dum ponto de visto moral, de valor!)dos eleitores, mas, SEMPRE, aquelas, passíveis de análise, interpretação, explicação.

Não lhe parece?

Um abraço,

Zé Albergaria

NB- Mutatis mutandi, veja-se o que se passou em Portugal em torno da emergência do 25 de Novembro de 1975 e da posterior vitória eleitoral da AD de Sá Carneiro - em 1980!...

F. Penim Redondo disse...

Caro Zé Albergaria,

concordo com a sua análise da ascensão do nazismo e lamento não ter ainda algo semelhante na interpretação da deriva Berusconiana em Itália.

As escolhas são sempre mais complexas do que parecem.

Por exemplo na compra de um automóvel é vulgar começarmos por escolher intuitivamente e depois coleccionarmos os argumentos racionais que nos permitem justificar a decisão.
Grande parte das nossas decisões, incluindo as políticas, seguem provavelmente esse padrão desde que não se esteja a funcionar na base de um qualquer clubismo. Nesse caso a tese aplica-se à anterior escolha do clube.

Voltando a Itália, onde já vivi ãlguns meses, penso que estão a seguir um caminho que viria a ser o nosso caso não tivessemos o Partido Socialista.

A Esquerda, lá como cá, contesta o sistema em teoria mas acaba a pedinchar umas migalhas para minimizar as situações mais aflitivas.Toda a gente percebe que não tem nenhuma ideia para superar as contradições sociais de forma consistente.

Quando as coisas apertam como estão a apertar, no plano económico e social, as pessoas ficam obcecadas com a segurança do seu modo de vida e deixam de achar piada a coisas como o casamento de homossexuais e outras "causas" em que a esquerda normalmente se refugia.

Penso que na votação em Itália esta questão terá tido o seu peso.

Em Portugal temos uma situação híbrida com o PS no centro a manobrar ambas as vertentes, fazendo no plano estritamente económico políticas "mainstream".

Um abraço e obrigado pela cavaqueira

Joana Lopes disse...

Olha que dois! Dispenso-me de intervir. Façam de conta que estão em vossas casas.

Aqueduto Livre disse...

Caro Fernando e Cara Joana,

Aqui ao lado, chez Agua Lisa,do João Tunes, encontra-se já disponível uma muito interessante análise sobre as últimas eleições em Itália.

Abraços para os dois,

Zé Albergaria