22.9.10

Depois, queixemo-nos


Não há estado social que aguente isto.
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8 comments:

Anónimo disse...

Também não há estado social que aguente as nossas dívidas. Parece-me que estamos num beco sem saída.

Lady Day disse...

Não há becos sem saída. Apenas necessidade de mudança.

Vitor M. Trigo disse...

De acordo, Lady Day.

Mas que seja para melhor.

Não consigo antever que PPC seja capaz de alguma coisa de jeito.

Como diz o Sérgio Godinho: para pior já basta assim.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Um amigo de alguns de nós comparou a situação do endividamento recursivo da República Portuguesa a uma "adição", numa comparação que não sei se é original, mas tem sentido.
Como todas as semanas acaba uma dose (vence um empréstimo), todas as semanas é preciso ir ao Casal Ventoso buscar outra (outro empréstimo para pagar o anterior e com os trocos suportar a déficit da semana), e todas as semanas a droga é mais cara (o empréstimo vencido tinha juros de há um ano ou mais, o desta semana tem juros de agora, mais ou menos o dobro), e a dose maior.
Isto assim é uma espiral infinita...
Mesmo que por milagre o déficit do Estado se consega anular (e não passar para 7%, 3% ou mesmo 1%), continua a ser necessário todas as semanas substituir o empréstimo que vence com outro mais caro.
Na economia há mesmo becos sem saída... a única forma de seguir caminho é voltar para trás, conseguir superavits para reduzir a dívida global.
O problema é que o drogado continua a afirmar-se no controlo da situação, tal qual o "great pretender" da canção, como se a toma da droga decorresse da sua decisão e não de uma adição incontrolável. E, não haja dúvidas, quem o for substituir vai também cair no encanto de fazer obra com o dinheiro dos outros, tanto mais que os outros não somos nós, que somos lúcidos e vigilantes, são os nossos filhos e netos que, muitos deles, ainda nem idade para votar têm.
E a discussão sobre se se deve poupar no estado social ou na defesa ou nas obras públicas acaba sempre da mesma maneira: gasta-se em todos!
Mas, pior que o problema do drogado, é o nosso: nós não achamos a verdade "sexy", e livramo-nos rapidamente dos políticos que a anunciam como se fossem aves agoirentas... Saiu a MFL, veio o PPC, mais jovem e telegénico.
Como diz a Joana no título, "depois queixemo-nos"...

Joana Lopes disse...

Eu estou de acordo com o MVP: isto é vício mesmo. Mas haverá algum psi que identifique de onde vem o mal, deitando o país num divã, se necessário for?

Manuel Vilarinho Pires disse...

A mim parece-me muito simples: acabar com tudo o que não seja de vida ou morte.
Obras públicas grandes, médias e pequenas, PPPs, re-equipamentos das FAs, Saúde e Educação (com algum critério de incorporação de valor acrescentado nacional), subsídios de toda a ordem, nomeadamente no salvamento de bancos, nas energias verdes ou nos planos tecnológicos, sangria desatada nos FSEs do Estado (consultorias, pareceres, automóveis, telemóveis e por aí fora...).
Isto define o mínimo possível.
Ainda se pode espremer um bocado com uma redução de salários da função pública e com admissões condicionadas, não a uma fracção das aposentações, mas dos falecimentos de pessoas no sistema (parece humor negro, mas não é).
Chegados aqui, se houver superavit, liquidar dívida e começar a pensar em investimentos prioritários nos anos seguintes...
Se ainda houver déficit, eleger o PCP para o Governo para "transferir para o sector privado" 500.000 funcionários públicos (estou a brincar!).
Em saindo do beco, reflectir e procurar aprender lições para o futuro, a primeira das quais é: o único valor de déficit virtuoso é ZERO.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Não fugiu muito disto, pois não? Nem cobriu isto exaustivamente, pois não? Então ainda há mais caminhho para andar...

Joana Lopes disse...

Não acredito que «isto» vá ser bem feito: vem aí uma recessão das grandes.