18.12.12

Portas fechadas



A propósito das recentes declarações de Paulo Portas sobre a posição do CDS quanto ao OE2013, José Reis Santos publica hoje um interessante texto no Económico.

Vale a pena lê-lo na íntegra, mas sublinho o que me parece mais relevante para além das consequências para o próprio CDS. Diz Reis Santos – e eu concordo – que « tais declarações são graves na medida em que retractam causticamente como o PSD detém uma posição hegemónica avassaladora no seio da coligação e como – num momento de extrema gravidade social na vida colectiva do nosso País –assistimos à incapacidade de travar a ambição laxista do nosso primeiro-ministro em transformar Portugal num país ‘low cost', a preto-e-branco, de uso e usufruto exclusivo de agentes privados (internacionais)».

Mais: «Ficámos ainda a saber que, depois de confirmado o estado anémico de alienação política do Presidente da República, de comprovada a não existência do CDS e verificada a inoperância da oposição (a da rua e a do Parlamento), Passos Coelho não só tem rédea solta para prosseguir com as suas intensões economicamente dementes, como depara-se perante um caminho institucionalmente desimpedido para proceder à refundação do Estado como tiranicamente o entender.»

Reconheça-se que esta é a verdade nua e crua, por muito que nos custe aceitá-la: neste preciso momento, não parece haver qualquer travão para este governo, nem no interior da coligação, nem em Belém, nem na oposição (e acrescente-se: nem na Europa).

É assim remetida para «referências anacrónicas» (a expressão é de Reis Santos) a possibilidade de acabar com o actual executivo: «Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada parcela do povo, o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres" (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão adjacente ao acto constitucional francês de 24 de Junho de 1793, artigo 35º)».

Para bom entendedor...
.

1 comments:

A.Silva disse...

Bertolt Brecht

As nossas derrotas, o único que demonstram
é que somos poucos
os que lutam contra a infâmia.
E dos espectadores, esperamos
que ao menos se sintam envergonhados.