«O Presidente da República considera "irritante" o optimismo do primeiro-ministro, parece agastado com a polémica dos colégios e tem sérias reservas sobre a proposta do Governo para as 35 horas na Função Pública. Será que a relação entre Belém e São Bento esfriou? (…)
Polémica dos contratos de associação com os colégios, novo recado. "Estou esperançado que seja possível, com rapidez, encontrar um entendimento", pediu o Presidente, numa chamada de atenção ao Governo. Desta vez Marcelo não alinhou com Costa, que foi vaiado no sábado e domingo por pais, alunos e professores. Os mesmos que clamaram pela intervenção do Presidente.
Episódios sem importância? Provavelmente. Mas o Presidente parece ter achado que este é o "timing" para afirmar as suas diferenças face ao primeiro-ministro. Que é altura de descolar da imagem de ser o braço direito de um Governo apoiado no braço esquerdo.
O vinco pode em breve tornar-se mais visível. Marcelo passou, via Expresso, a mensagem de que tem sérias reservas em relação ao momento escolhido para a reposição das 35 horas na Função Pública, 1 de Julho, quando o país estará de novo sob exame de Bruxelas e pode vir a ser alvo de sanções. Um veto político não estará descartado. Será receio de que o optimismo de Costa lhe tolde a percepção sobre as implicações orçamentais da medida? Ou será que quer ajudar o primeiro-ministro a adiar a entrada em vigor do novo horário?
Ao estilo Marcelo: A gestão da relação pública com António Costa mudou? Mudou. E isso é mau? Não, é até saudável. Significa que a cooperação estratégica acabou? Não.»
André Veríssimo
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