«Proprietários, professores, pais e filhos mobilizam-se para ter subsídios públicos a serviços privados. Vão organizados como um qualquer grupo político com um programa de exigências, mobilização na rua, símbolos comuns. Agora vieram dizer que não respeitam a lei e vão matricular as crianças. Isso exige dinheiro para compra de materiais, profissionais, contacto, assessoria de imprensa e deslocações. Um grupo com finanças, portanto. E clareza política sobre para onde querem ir - estratégia clara. Podia ser um sindicato, uma associação patronal ou qualquer outro grupo organizado - provavelmente partidos de direita e alguns sectores da igreja. Não subscrevo nenhuma das suas exigências, não tenciono entregar 1 euro de impostos a estas escolas, mas não estou nada indignada com a sua luta. E é isso que eles estão a fazer - luta política baseada na organização e mobilização da sua base social. Quem não concorda que se organize, pague quotas, mobilize em objectivos comuns, venha para a rua. E dedique 2 minutos por dia a pensar conjunta política e estratégia em vez de ir atrás da primeira causa fracturante que abre telejornais. Em vez de se queixar deles no Facebook porque "eles" - neste caso a destruição do orçamento público - só existe porque há um "nós " que abandonou a política como estratégia, a organização como vital e a ideologia como disputa de um projecto futuro - tudo coisas que não foram abandonadas do outro lado, de tal forma que a sua ideologia - o neoliberalismo - tem-se imposto no ocidente com uma unanimidade que a maioria das pessoas está convencida que é uma "ciência económica". A direita mostrou à esquerda que escreve em blogues e jornais que as lutas se ganham mas ruas com organização centralizada infernizando o adversário, dia a dia. E que quando pode vence no parlamento, quando não pode tenta nas ruas. É um cheirinho a PREC - oh! País que nunca para de nos surpreender - trazido pelos sectores conservadores, os mesmo que, em teoria, até há duas semanas, odiavam manifestações. Agora andam a ler O Que Fazer? do Lenine - compraram 100 no largo do Caldas. Nos compêndios de história a luta dos colégios chama-se luta de classes. Não estarei ao lado deles - tem que haver uma barreira clara entre público e privado, um fim à remuneração pública de capitais por pequenos que sejam privados - mas gabo-lhes o sentido de eficácia e determinação. Traçam um caminho e preparam-se para ele, por isso a sua caravana tem passado há décadas indiferente aos latidos, os choramingos, de indignação»
Raquel Varela no Facebook.
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