11.10.21

A ansiedade do futuro

 


A cada ano, por esta altura, fala-se da necessidade de alterar a forma de acesso ao Ensino Superior. A cada ano, reconhece-se que muitos concorrem a cursos com médias muito elevadas, não por vocação, apenas porque são empurrados a irem em busca de sucesso que todos parecem esperar deles. (…)

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1 comments:

susskind disse...

É terrível. Eu entrei há umas poucas décadas num desses cursos que agora tem média de entrada acima de dezanove ; então a média foi dezoitos e poucos. É normal esperar que um curso dos mais exigentes e "competitivos à entrada" (lá dentro, o ambiente entre colegas era magnífico) pressuponha notas médias de 19 ou 20 nas disciplinas nucleares (suponhamos matemática, física); é também normal que nas restantes os candidatos tenham o direito de ser apenas competentes (notas de 15 ou 16). Era assim no meu tempo, tinhamos a liberdade de optar por uma vida cultural activa fora da escola e sem que dela tivéssemos de prestar contas. É que existem muitas actividades extra-curriculares (desporto, artes, ...) que são bastante mais enriquecedoras do que o marranço exaustivo e indiscriminado de tudo o que as autoridades julgam por bem meter à frente do nariz dos alunos. E, ao contrário da prática norte-americana, essas actividades relevam da nossa vida privada e sobre elas não devemos ter de escrever "ensaios" para a candidatura. "Da vida privada" não significa que se tenha algo a esconder, quer dizer que não devem fazer parte do currículo. Tal qual os dados pessoais: pertencem-nos e ninguém deve ter acesso sem o nosso explícito e livre consentimento. Já nem falo do desperdício para o nosso triste país deixar de fora gente cheia de capacidade e talento apenas porque não é extremamente arrumadinha e disciplinadinha.