Tudo sobre esta mulher fora de série está a ser dito por muitos.
Eu guardei para sempre a imagem da Eduarda, era ela talvez mais jovem do que nesta fotografia, no «Anfitrião» de António José da Silva, interpretado pelo Grupo de Teatro da Faculdade de Letras no Teatro da Feira Popular – em 1969, se a memória não me trai. Com Luís Miguel Cintra, Jorge Silva Melo e alguns outros, foi uma verdadeira pedrada no charco. Gente grande, gente boa – como o futuro veio a confirmar.
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Hoje comecei o dia, na rotina normal de leitura normal dos jornais, e a primeira notícia que vejo é a da morte da Eduarda Dionísio.
Conhecemos a Eduarda em 1987 quando o Bando veio estrear o Montedemo a Tondela, numa das múltiplas actividades que o curso de animadores culturais da ACERT nos ofereceu a todos. Num processo de aprendizagem, camaradagem e conhecimento que nos transformou e à comunidade tondelense. A Eduarda era uma figura característica fisicamente e intelectualmente. Dotada de uma força e capacidade de intervenção ímpar, mobilizadora e atenta ao que se passava à sua volta.
Uma das cenas mais engraçadas desses dias, foi quando a Eduarda foi visitar a minha avó Fernanda. A Eduarda era filha do Mário Dionísio, companheiro de lutas do meu avô Flausino, e que tinha passado várias vezes na sua infância temporadas em Tondela, quando das muitas visitas que o pai dela aí fazia. Há, aliás em casa da minha avó, fotos da Eduarda criança a brincar com a minha mãe no Fojo. A Eduarda era uma mulher pequena, fisicamente. A minha avó quando a viu e lhe disseram quem era, disse:
- És a filha do Mário! Há tantos anos que te não via. Não cresceste muito…
Mantivemos na ACERT sempre contactos com a Eduarda e com a Abril em Maio que fundou e com a Casa da Achada que a seguir dinamizou. Mulher de coragem e determinação pela luta dos valores que defendia, da autodeterminação dos povos, da independência, da igualdade de direitos, do papel da cultura nos processos de desenvolvimento. A Eduarda era uma inspiração, das grandes!
Muito do que somos hoje deve-se à aprendizagem com mulheres como ela.
Vai fazer muita falta!
Miguel Torres, Tondela
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