«Sabiam que para fabricar uma simples T-shirt de algodão são necessários 2700 litros de água doce, a quantidade média que uma pessoa bebe em dois anos? Ou que, em 2020, o consumo médio de têxteis por pessoa na UE exigia 400m2 de terreno, 391kg de matérias-primas e 9m3 de água, provocando uma pegada carbónica de 270kg?
Este é o avesso invisível da roupa que compramos, por vezes em excesso, em função daquilo a que se chama “moda rápida”. Se estivesse escrito na etiqueta, pensaríamos duas vezes antes de levar mais uma peça, apenas porque está em promoção, a qual provavelmente se soma a várias que já temos no armário.
Será que podemos melhorar a sustentabilidade do consumo de vestuário? Proteger o clima exige seguramente acordos internacionais e cimeiras, como a COP29, que terminou na semana passada, mas depende também de muitas mudanças nos comportamentos individuais de todos nós.
Há várias iniciativas que podem contribuir para esse efeito. Maior reciclagem, considerando que, atualmente, apenas 1% das roupas usadas são recicladas, ou novos modelos de modelos de negócio que facilitem a reutilização.
Essa mesma circularidade também pode ser promovida pela indústria têxtil, como acontece em Portugal com a Têxtil Manuel Gonçalves, para dar um exemplo concreto de uma empresa com uma política de sustentabilidade ambiciosa, inovadora e responsável. É notável o esforço que fazem para usar fio reciclado, aproveitar os desperdícios e até rastrear a origem do fio, uma espécie de fio inteligente, garantindo princípios éticos e de sustentabilidade ao longo da sua cadeia de abastecimento.
Na Europa, todos os anos, as pessoas consomem, em média, cerca de 26kg de produtos têxteis e deitam fora cerca de 11kg, o que justifica que a União Europeia tenha desenvolvido um Plano de Ação, em 2022, para a economia circular, com um conjunto de medidas para tornar os têxteis mais duráveis, reparáveis, reutilizáveis e recicláveis, procurando que a “moda rápida” fique fora de moda. Nesse plano, entre outros aspetos, é criado um passaporte digital para os produtos e previstas medidas em matéria de resíduos.
Outra iniciativa relevante da UE é a do rótulo ecológico que pode ser usado pelos produtores europeus em produtos que respeitam os critérios de sustentabilidade. Esse rótulo dará aos consumidores a garantia de que o produto preenche critérios ambientais rigorosos e devidamente certificados, e que não foi apenas pintado para parecer verde (o chamado greenwashing).
Contudo, a principal ajuda com que cada um de nós pode contribuir é mesmo reduzir o desperdício, evitando comprar demasiada roupa e usando a que temos por mais tempo.»
.
0 comments:
Enviar um comentário