1.11.11

Grécia e o exercício da democracia


O anúncio da realização de um referendo na Grécia caiu ontem como uma pequena bomba. George Papandreou afirmou que os gregos serão chamados a dizer se querem, ou não, que o país adopte o novo acordo proposto há alguns dias em Bruxelas e que a sua vontade será respeitada. Não terá resistido às divergências dentro do seu próprio partido e, sobretudo e definitivamente, à pressão da rua.

Independentemente de todas as consequências possíveis que decorrerão da decisão em causa (e serão muitas, para a Grécia e para a Europa), o que me parece absolutamente extraordinário é que não se considere normal recorrer a esta prática democrática para decidir o que está neste momento em causa para um povo. Uma decisão que só peca por tardia.

Em vésperas da reunião do G20, Sarkozy mostra-se «consternado», os alemães «estupefactos» e também «irritados», o FMI «surpreendido».

Mas, qualquer que seja o desfecho, uma coisa é certa: o povo grego recordou ao mundo que a democracia nasceu na (sua) rua. A Praça Syntagma repôs a velha Ágora na História.

P.S. - Conselho para quem tem acesso ao meu mural no Facebook: seguir os comentários a este post aqui. Como já disse e repito: estas «catacumbas» que são as Caixas de Comentários da blogosfera «já foram»...
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3 comments:

Blondewithaphd disse...

Ironias do destino...

JPR disse...

Pois é, mas se a Europa endemicamente já não funciona há anos, agora com o parlamento alemão a ter de aprovar tudo e a vingar a teoria dos referendos, então sim poderão os gregos e os portugueses proclamar, pobrezinhos, aldrabões mas ‘democratas’, não serão eles e não seriamos nós antes aldrabões e vigaristas, o Adolfo também chegou ao poder pelo voto popular.
Se tivessem referendado a adesão ao Euro, tanto eles como nós teríamos em festa votado massivamente que SIM e agora ao referendar-se a sentença, leia-se programas da ‘troika’, dos nossos desvarios, aqui d’el rei e vamos lá como bons palhaços que somos e não democratas responsáveis, arranjar um referendozito. Que ideia mais estapafúrdia, moral e eticamente reprovável.
João Paulo Reis

caheitordasilva disse...

Pois é; eu não conheço o Sr JPR mas, a avaliar pelo q diz deve ser dos que comeram e ainda estão comendo à conta da crise para uma maioria enganada pelos discursos e roubada até à medula,pelos social-democratas,para depois com essa treta do NÓS nos passarem a factura imediata acrescida de mais roubos a prazo com alterações inconstituicionais às leis do trabalho - + horas de trabalho e
menor salário e contratos a prazo e é um favor que fazem...Atrás de tempo tempo vem!..